E finalmente chegou a hora de São Paulo ver a mega produção de Edu Falaschi, a
Vera Cruz Tour 2022. Nesse dia o Tokyo Marine Hall estava preparado para a
gravação do DVD, sendo programadas a apresentação na íntegra de Rebirth e Vera
Cruz, com a participação de convidados especiais.
Para começar a esquentar a noite, no hall de entrada do Tokyo Marine Hall se
apresentava a banda “Deep Purple Friends”. Tocando clássicos do metal (Deep
Purple, Dio, Black Sabbath, Motorhead), a banda formada por Nando Fernandes
(vocal), Fernando Piu (guitarra), Fábio Guedes (baixo), Rodrigo Simão (teclado) e
Amílcar Chistófaro (bateria) impressionava pela qualidade na execução das músicas.
Uma ótima escolha, principalmente porque não havia uma banda de abertura para a
noite.
Pouco após as 20:00, com a casa literalmente cheia, Junior Carelli (ex-tecladista da
banda ‘Shaman’) se apresentou como o diretor do DVD e falou sobre a alegria de
fazer parte desse trabalho, convidando a plateia a participar o máximo possível.
Alguns minutos depois as cortinas se abriram, com a introdução de “In Excelsis
tocando, revelando um palco montado como o convés de uma caravela, com dois
pisos. No centro do piso superior de destacava a batera de Aquiles Priester, ornada
com o já característico polvo. O lado esquerdo era ocupado pelos teclados de Fábio
Laguna e no direito os backing vocals de Raissa Ramos e Fábio Caldeira. No piso
inferior estavam as guitarras de Diogo Mafra e Roberto Barros, o baixo de Raphael
Dafras, todos capitaneados pelo vocalista e estrela da noite, Edu Falaschi.
Na sequencia a banda começou com “Nova Era”, sendo acompanhada a todo
momento pelo público. Foram vários petardos na sequencia (Millenium Sun, Acid Rain,
Heroes of Sand e Unholy Wars). Houveram pequenos problemas técnicos nesse
começo, principalmente na equalização dos instrumentos, mas nada que atrapalhasse
realmente a apresentação.
Após a sequencia de entrada, Edu falou um pouco sobre a sua carreira, sobre o
trabalho que ia apresentar na noite e chamou o primeiro convidado, o violonista Fabio
Lima. Ele executou um solo belíssimo, emendando com Rebirth. A viola casou muito
bem com esse clássico, que foi executado com perfeição pela banda.
Na sequencia veio Judgement Day e uma apresentação da toda a banda pelo Edu,
sendo o mesmo apresentado no final pelo baterista Aquiles. Era visível o
entrosamento de todos.
Era hora do segundo convidado da noite, o tenor lírico Thiago Arancam. O mesmo
alcançou projeção ao interpretar o Fantasma da Ópera na passagem do musical pelo
Brasil em 2018. Thiago começou, como deve ser regra no Sindicato dos Tenores,
cantando o clássico trecho de “Nessun Dorma” acompanhado somente pelos teclados.
Emendaram com “Visions Prelude”, e os dois vocalistas foram magistrais no
encerramento da apresentação do álbum Rebirth.
Cerraram-se as cortinas por alguns momentos, para a preparação da apresentação do
álbum Vera Cruz. Nos telões passou uma animação com o prologo do trabalho
(https://youtu.be/dkkOT5q_dyk), explicando a história.
Quando a banda voltou, a decoração do palco tinha mudado. Foram introduzidos
canhões, leme e duas estátuas gigantes de cavaleiros, verdadeiros megazords do
Power Metal. Esse estilo as vezes é chamado, de maneira não muito elogiosa, de
“metal espadinha”. Nesse trabalho, a banda usou essa alcunha com todo o orgulho,
produzindo um trabalho primoroso.
Edu voltou trajando um sobretudo vermelho estilo navegador. Desde o começo da
introdução de Burden era visível que a banda estava mais confortável com a
execução. Afinal esse era o trabalho que eles construíram juntos, e iam apresentar na
íntegra. E o público respondeu, com empolgação redobrada. A freira citada em “The
Ancestry” fez uma participação, mostrando que essa parte teria uma preocupação
maior com o mise-en-scène.
Vera Cruz foi executado na íntegra e na sequencia, e quem estava lá vai lembrar
sempre dessa noite. Destacam-se o dueto com o público no refrão de Sea of
Uncertainties, o começo de Skies In Your Eyes onde Edu começou tocando um violão
e Crosses onde Aquiles mostrou porque é um monstro sagrado da bateria.
Roberto Barros voltou para a introdução de Land Ahoy, com uma técnica de violão
absurda. No meio da música, uma encenação de batalha de espadas, para que
ninguém esquecesse que a noite era do Power Metal.
Os vocais de Fire With Fire e Mirror of Delusion ficaram a cargo principalmente dos
backings Fabio Caldeira e Raissa Ramos, que executaram com perfeição. Em Bonfire
of the Vanities tivemos a volta de Fabio Lima e a participação do irmão de Edu, Tito
Falaschi. O Tito compôs e executou o solo dessa música tanto no estúdio quanto no
show. O palco ficou com 10 músicos (tipo Slipknot) e valeu a pena.
A próxima música, Face of the Storm, contou com Max Cavalera na gravação. Para o
show, ele foi substituído por Marcelo Pompeu do Korzus e Fernanda Lira do Crypta,
representando a velha guarda do Thash Metal e a nova geração do Death Metal. O
carisma de Pompeu e a energia da Fernanda marcou demais essa música.
Para encerrar o álbum, a última convidada da noite foi Elba Ramalho, para cantar
Rainha do Luar. Com uma carreira totalmente sedimentada em um estilo totalmente
diverso do Metal, ela participou da gravação e do show de maneira primorosa, com
uma execução primorosa. Escolha mais do que acertada do Edu.
Após a última musica do Vera Cruz, a banda saiu mas logo retornou para o bis, node
emendaram Deus Le Volt! e Spread Your Fire, para matar as saudades dos tempos de
Edu e Aquiles no Angra. Ao final, todos os convidados voltaram para agradecer ao
público.
Apesar de alguns problemas pontuais no começo, foi uma apresentação espetacular.
Apenas o Rebirth já valeu a pena, mas não há como negar que o ponto alto da noite
foi Vera Cruz. Como afirmou o Edu no começo do show “...agora eu sou dono da
minha carreira e eu sei os custos e os riscos que existem para montar um espetáculo
desses. Antes de tudo, é a realização de um sonho”. E que belo sonho, que todos os
presentes com certeza ficaram muito satisfeitos de sonhar junto.
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